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Silagem de milho: safra x safrinha

27/08/2018

A silagem é um tradicional volumoso presente nas propriedades que tiram seu sustento da atividade leiteira e na Fazenda Perfeita União ela é indispensável. A fazenda está localizada no município de São Geraldo, MG, e seu proprietário Henrique Normando conta com o plantio do milho safra e safrinha para que seja garantido esse importante alimento ao seu rebanho.

A safra e a safrinha têm diferenças quanto à produtividade esperada em função de diversos fatores. Na safra, com plantio ocorrendo até novembro, o milho encontra no período vegetativo menores probabilidades de déficit hídrico no solo. Combinado a isso, na fase de enchimento de grãos, encontra também um regime pluviométrico adequado a esse período, além de temperaturas mais elevadas e boa incidência de radiação solar, garantindo bons resultados de produtividade.

Para a safrinha, os riscos são principalmente vinculados ao déficit hídrico em estádios cruciais da cultura, como florescimento e enchimento de grãos. Uma praga que se tem verificado no crescimento são as maritacas e a incidência é maior na safrinha. Porém, o milho é uma cultura bem adaptada a dias quentes e noites amenas, clima que pode ser melhor verificado nesse período na região de São Geraldo.

Na Fazenda Perfeita União, a safra (17/18) obteve uma produtividade média de 56 ton/ha, na safrinha (2017) uma produtividade de 40 ton/ha. Essa diferença também pode ser percebida no custo por tonelada de matéria natural da silagem (safra: R$70,74/ton MN; safrinha: R$86,16/ton MN). Mostrando o fato de que por ser mais produtiva que a safrinha, geralmente na safra se consegue chegar em um custo mais baixo de silagem.

Acima, é observado que os gastos com colheita e ensilagem foram abaixo do que é geralmente praticado. Isso pode ser justificado devido ao fato de o produtor ter maquinário próprio (ensiladeira, trator e vagão carreta), o que implica em economia significativa. O preparo de solo na safrinha foi menor pois foi realizado apenas um revolvimento mínimo com grade leve, não necessitando de implementos mais pesados. Os gastos com plantio se mostraram menores na safrinha em função de, nessa época, o preço de adubo e semente de milho serem mais baixos se comparados à safra.

O planejamento de volumoso realizado anteriormente à safra, mostrou que a quantidade necessária de silagem é de 324 toneladas, considerando todo o rebanho (vacas e novilhas), dessa maneira se verificou a necessidade de plantio da safrinha ou a aquisição desse volumoso de outras fontes externas.

Feijão 

Plantar feijão, colher o feijão, vendê-lo e comprar silagem de milho, ao invés de plantar safrinha? Esse é um frequente questionamento de muitos produtores, visto que o feijão é uma leguminosa melhor adaptada ao regime pluviométrico da região, além de diversos outros fatores que beneficiam sua escolha, como fixação de nitrogênio e a rotação de culturas, importante para quebrar o ciclo de vida de diversas pragas e patógenos da cultura do milho.

Podemos fazer alguns cálculos que ajudariam na tomada de decisão. O custo de implantação do milho safrinha na propriedade em São Geraldo foi de R$3.101,88/ha, valor superior ao custo de implantação do feijão (R$ 2.400,00 em média). A produtividade média de feijão vermelho em Minas Gerais é de 2.100,00 kg/ha ou 30,00 sc/ha (saca de 60kg).

No estado, o preço médio pago pela saca está R$120,00. Então, 30 sacas x R$120,00 = R$3.600,00. O que dará uma margem de R$1.200,00 por hectare. No caso do produtor Henrique Normando, a conta então seria: 3,5 ha x R$1.200,00 = R$4.200,00. O preço médio encontrado na região para a tonelada de matéria natural de silagem de milho é de R$140,00, então R$ 4.200,00/R$ 140,00 = 30 toneladas de silagem de milho.

Logo, não é vantajoso produzir o feijão, vendê-lo e, comprar a silagem de milho nesse contexto, visto que a produtividade média da safrinha da fazenda foi de 40 ton/ha, superior às 30 toneladas passíveis de compra com a margem conseguida com o feijão. Sendo assim, plantar safrinha para garantir alimento em quantidade e qualidade para o rebanho leiteiro, no caso da Perfeita União, é um bem necessário.

Fonte: MilkPoint