As duas maiores cooperativas paranaenses com processamento de peixes terminaram 2018 com um volume diário acima de 160 mil toneladas ao dia e quase 350 produtores já integrados. Os investimentos no aumento de produção ajudaram a consolidar a liderança do Estado no País no cultivo e já faz com que ambas mirem o mercado exterior.
A Copacol, de Cafelândia, região Oeste do Paraná, aumentou em 29% o volume abatido no ano passado, sobre 2017. “Dobramos o tamanho de nossa indústria em 2017 e estamos com capacidade plena”, diz o vice-presidente da cooperativa, James Fernando de Morais. Por isso, ele estima o crescimento no segmento para este ano em “apenas” 5%.
Morais considera que o mercado mundial é muito grande e o Brasil tem participação insignificante. Por isso, há estudos relacionados a projetos de exportação na Copacol, ainda que o foco se mantenha no consumo nacional. “Concorrer com a China não é tão fácil e isso passa por ganhos de produtividade, mas acredito que estamos no caminho e já temos um bom nível”, cita.
Com 213 produtores integrados e 600 hectares de lâmina d’água, toda a produção vem dos associados. São 110 mil t ao dia , ou até 140 mil tilápias. O dirigente da cooperativa afirma que o modelo de trabalho tem dado resultado. “Podem existir momentos em que os independentes ganham mais, mas a integração garante uma regularidade. Não é preciso capital de giro, só o investimento inicial, que pode ser feito por linhas do BNDES e, no fim do ano, se a indústria teve lucro, ele ganha de novo com as sobras”, diz Morais, ao lembrar que o adicional foi de 18% sobre o faturamento em 2018.
A C.Vale, de Palotina, também no Oeste do Estado, inaugurou o frigorífico de peixes no fim de 2017, com abate de 16 mil peixes em um turno. No fim do ano passado, já eram dois turnos e um total de 75 mil animais. Se considerados 850 gramas de média por animal no abate, o resultado é de quase 64 mil t ao dia. “Para 2019 nossa perspectiva é aumentar a produção em 68%, ao desenvolver e ofertar novos produtos para os mercados nacional e internacional, e baseado no aumento do consumo per capita de pescados e na melhoria na economia brasileira”, informa a cooperativa, por meio de nota.
Foram investidos R$ 110 milhões na construção do frigorífico, que ainda deve contar com mais duas linhas de produção. A C.Vale já tem projetada a ampliação da estrutura física e fez neste mês de fevereiro a primeira exportação à China.
Quanto ao fornecimento, a cooperativa está em transição entre a produção independente e integrada, mas já são 130 associados em produção, com área para alojamento que atende a uma necessidade de 90 mil peixes ao dia. “O objetivo é que toda a demanda da indústria seja atendida somente por integrados. Ainda há capacidade para os associados da cooperativa que desejam trabalhar na atividade e vários estão com projetos em execução”, informa a C.Vale.
Produtor e processador esperam ganho com profissionalização
O criador de tilápias José Carlos Carmezini, de Primeiro de Maio, Região Metropolitana de Londrina, está na atividade há dez anos e vende toda a produção de tilápias a pesqueiros, do tipo pesque-pague. São 25 a 30 t por mês, mas a rentabilidade caiu pela metade em 2018, principalmente depois da greve dos caminhoneiros.
Carmezini entrou na piscicultura a convite de um amigo, como alternativa para geração de renda no campo. Ele trabalha com tanques-rede na represa Capivara e tem 12 pesqueiros como clientes fixos. “Muita gente entrou na área quando as margens estavam altas. A produção cresceu bastante e o consumo não acompanhou, mas tenho minha estrutura montada, com caminhão, e consigo me manter bem”, cita.
Mesmo assim, ele lembra que a rentabilidade caiu de R$ 1 para 0,50 neste ano. “Estou reajustando meus preços, diminuindo minhas despesas e melhorando a qualidade do meu serviço. Quem não fizer isso e não buscar se atualizar, vai ter de parar”, diz, antes de afirmar que ele não será um dos a mudar de ramo.
A mesma crença na sustentabilidade da piscicultura tem o vice-presidente da Copacol, James Fernando de Morais. Ele afirma que, com 1 hectare de lâmina d’água, um produtor familiar integrado consegue lucrar cerca de R$ 3 mil ao mês. Mesmo assim, ele também está entre os que esperam o aumento da produtividade em médio prazo. “Com o crescimento da atividade, o desenvolvimento genético e da indústria, vai existir uma redução no custo e no preço ao consumidor. Foi assim com o frango. Quando começamos, um quilo de frango custava o equivalente a um de costela bovina e hoje custa a metade”, diz.
Na C.Vale, a expectativa é que a atividade se fortaleça. “Trabalhamos para melhorar o desenvolvimento genético das espécies e a tecnologia de fomento. Além disso, a C.Vale vem trabalhando com fornecedores no desenvolvimento tecnológicos dos equipamentos utilizados no abate e processamento de pescados para reduzir o custo, tornando os produtos mais acessível para os consumidores, mantendo o alto padrão de qualidade.”
Fonte: Mundocoop