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Pesquisa revela que mulheres estão em alta no agronegócio

04/09/2019

O agronegócio é um setor dominado por homens, certo? Se foi, não é mais. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) apontou que as mulheres que atuam no agronegócio são responsáveis pela gestão de, no mínimo, 30% do segmento – muito acima do registrado na indústria (22%) e na área de tecnologia (20%).

Em cifras, o resultado chama a atenção. Tendo em vista que o agronegócio representa 25% do PIB, as mulheres desse setor da economia são responsáveis pela gestão de pelo menos 8% do PIB nacional, algo em torno de US$ 165 bilhões.

“Este estudo apontou que o aumento da participação feminina no setor foi impulsionado por trabalhadoras com um maior nível de educação formal, o que indica uma evolução atrelada a empregos que demandam maior qualificação”, disse Débora Toledo, economista na AMG Capital.
O estudo revelou ainda que 73% das mulheres do agronegócio atuam dentro da porteira, sendo 58% das delas proprietárias ou sócias das propriedades, representando algo em torno de 4,5 % do PIB. “Apesar da informalidade do setor, percebemos que, a cada dia, as mulheres buscam melhorar sua qualificação profissional, por meio de cursos, palestras e troca de informações com outras mulheres do setor. Percebo uma preocupação muito maior pela busca de aprendizado e qualificação”, afirmou Vanessa Sabioni, fundadora da rede AgroMulher, agência que incentiva o aumento da participação feminina no campo.
Segundo um estudo realizado pelos pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, nos últimos anos houve um aumento do número total de mulheres trabalhando no agronegócio em 8,3%. 

Diante desse cenário, a participação da mulher no mercado de trabalho do agronegócio cresceu consistentemente, passando de 24,11% para 27,97%, entre 2004 e 2015, o último dado consolidado. Já o número de homens atuando no setor diminuiu 11,6%. É importante destacar que o aumento da participação feminina no agronegócio ocorreu na categoria de empregadas com carteira assinada. Essa informação é de extrema relevância em função do perfil do agronegócio, marcado por um nível de informalidade mais alto que o médio da economia.
Outro fator bastante relevante está relacionado às características socioeconômicas das mulheres do agro. Para segmentar a cadeia produtiva do agronegócio é utilizada a classificação antes, dentro e depois da porteira. 

“A expressão antes da porteira se refere a tudo que é necessário à produção agrícola, mas não está na fazenda. É aquilo que o produtor rural precisa comprar para produzir: todos os insumos, máquinas, defensivos químicos, fertilizantes, sementes, frota, por exemplo”, esclarece Vanessa Sabioni.
Já o termo “dentro da porteira” se refere à produção, como plantio, manejo, colheita, beneficiamento, manutenção de máquinas, armazenamento dos insumos, descarte de embalagens de agrotóxicos e mão de obra. Enquanto que “depois da porteira” faz referência à armazenagem e distribuição, incluindo a logística. 

“Dessa forma, podemos concluir que estamos diante de grandes fortunas administradas e geridas por mulheres que ainda não recebem a devida atenção e reconhecimento pela relevância econômica na economia brasileira, muitas vezes sendo desprezadas pelos bancos e instituições financeiras que atuam em Wealth Management, a gestão de patrimônio”, esclarece Débora Toledo. 

Outro dado significativo, segundo Débora, é que 34% das mulheres do agronegócio já têm famílias atuando nesse segmento. “Dessa maneira, cerca de 2,2% do PIB é gerido por herdeiras que em sua esmagadora maioria não tiveram, infelizmente, a oportunidade de se preparar para administrar a fortuna familiar”, completa.

Fonte: Mundocoop