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A vez do cooperativismo e a defesa de um 8º princípio

15/04/2020

Você sairá deste momento de pandemia e quarentena, diferente de como começou?

A verdade é que há um amplo debate sobre a transformação dos processos de consumo, e de uma maior consciência social pós Covid-19. Essa tendência se comprova nas palavras do presidente da Universidade de Harvard, Lawrence Bacow, “ninguém sabe o que vamos enfrentar nas semanas que virão, mas todos sabem o suficiente para entender que esse vírus testará a nossa capacidade de generosidade, de enxergar além de nós mesmos e dos nossos interesses próprios”, ou em movimentos como o “compre do pequeno”.

Sim, devemos começar a observar mais aspectos como a sustentabilidade das cadeias produtivas nas quais estamos inseridos, e a preservação das relações “ganha-ganha”. E se você atua ou conhece o cooperativismo, certamente percebeu até aqui, várias características desse movimento e modelo socioeconômico. 

Então não é o momento oportuno para refletir e agir sobre “comunicar as virtudes e o funcionamento das sociedades cooperativas”? É fato que o desconhecimento é o principal “concorrente” do setor.

Os dados comprovam isso: segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras, de cada 10 brasileiros, 6 desconhecem. Número que também explica (em partes) porque as cooperativas financeiras representam apenas 6,18% dos depósitos do Sistema Financeiro Nacional, de acordo com os dados de 2019 do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito. Mesmo, segundo a OCB, possuindo tarifas médias menores que os agentes privados do mercado em 42 dos 50 serviços financeiros avaliados.

O princípio da comunicação

Há um debate global sobre a inclusão de um 8º princípio, nos famosos e conhecidos (mas nem tanto) sete princípios universais do cooperativismo. A discussão foi fortalecida pelo pronunciamento de Peter Cameron, diretor executivo da Associação das Cooperativas de Ontário durante uma reunião geral das cooperativas mútuas do Canadá. E esse oitavo, seria o princípio da COMUNICAÇÃO.

Tão importante quando a quinta diretriz que diz respeito à “educação, formação e informação”, e que direciona mais as ações internas, que envolvam colaboradores e os próprios associados, é tornar comum à sociedade em geral como funcionam, como estão segmentadas e quais são as principais vantagens das sociedades cooperativas.

Mas como fortalecer e fazer evoluir o antigo, porém relevante e igualmente atual debate sobre comunicar e popularizar o cooperativismo? Três ações práticas podem ser listadas:

– Uma adoção mais consistente da bandeira “Somos Coop” – lançada pela Organização das Cooperativas Brasileiras – por parte dos sistemas cooperativos financeiros e cooperativas de outros segmentos;

– Uma discussão conjunta das cooperativas de diversos segmentos em todo o país, colocando em prática o princípio da inter cooperação, sobre formatos de comunicação mais modernos e aderentes ao digital, como o marketing de influência e os criadores de conteúdo, por exemplo (mas não na abordagem de produto, e sim no desenvolvimento de materiais que ajudem a desmistificar o setor);

– E por fim, o envolvimento das principais lideranças de entidades nacionais de representação do setor cooperativista, em ações macro que fortaleçam a inclusão deste oitavo princípio mundialmente.

Onde há cooperativismo, há desenvolvimento econômico, social e, sobretudo, há pessoas mais felizes. Razões que nos fazem querer acreditar, mais do que nunca, que esta é a vez do cooperativismo! Então, vamos comunicá-lo?

Fonte: mundocoop