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Consumo de lácteos na pandemia, estudo da Embrapa

12/05/2020

1. Mudanças no consumo de lácteos no Brasil durante a pandemia

Entre os dias 23 de abril e 03 de maio, a Embrapa Gado de Leite/Centro de Inteligência do Leite realizou, por meio das redes sociais, uma pesquisa para acompanhar o comportamento do consumidor brasileiro de leite e derivados durante a pandemia, considerando o consumo domiciliar. Participaram da pesquisa 5.105 consumidores distribuídos em todo o território brasileiro, sendo que os seguintes locais tiveram maior representatividade na pesquisa: Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Goiás.

A pesquisa mostrou que o derivado lácteo mais habitual nas compras dos brasileiros é o queijo. Apenas 3% dos participantes da pesquisa não consomem o produto. Na sequência, os consumidores têm o hábito de comprar manteigacreme de leiteiogurteleite condensado e leite UHT.

Figura 1. Porcentagem de consumidores brasileiros que têm o hábito de comprar os produtos lácteos

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Ao contrário do que vem ocorrendo em alguns países, no Brasil, a grande maioria dos consumidores (83%) está encontrando com facilidade os produtos lácteos no mercado, o que reflete o comprometimento dos produtores e laticínios em manter o abastecimento.

Para todos os produtos analisados, considerando os consumidores que têm o hábito de comprar os produtos lácteos, a maior porcentagem de respostas foi daqueles que continuaram comprando a mesma quantidade de lácteos antes e durante a pandemia. Considerando uma média de consumo do brasileiro, o saldo entre os consumidores que afirmaram ter aumentado o consumo e aqueles que disseram ter reduzido, sugere que os produtos que mais perderam espaço na cesta de compras dos brasileiros foram, nesta ordem: sorvetepetit suissedoce de leiteleite fermentadobebida láctea e leite pasteurizado. Por outro lado, queijos, manteiga, leite condensado, creme de leite, leite UHT, iogurte leite em pó possivelmente apresentaram incrementos de consumo durante a pandemia.

Tabela 1. Porcentagem de consumidores que está mantendo o consumo de lácteos durante a pandemia

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Figura 2. Panorama da mudança de consumo de produtos lácteos durante a pandemia

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Figura 3. Saldo da variação de consumo de produtos lácteos durante a pandemia (% de domicilios ou respondentes)

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2. Fatores que afetam o consumo de lácteos

O fator apontado pelos consumidores como o mais importante na hora da compra dos derivados do leite foi a marca, seguido de perto pelo preço e depois por qualidade. Apenas petit suisse teve o preço como o fator decisivo na decisão de compra dos consumidores. Assim, para os entrevistados na pesquisa, marca, preço e qualidade respondem por mais de 80% das decisões de compra.

Figura 4. Fatores mais importantes para a tomada de decisão na hora da compra, de acordo com cada produto lácteo (em %)

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É interessante notar que, embora tenha sido citado por um número bem menor de consumidores, quando comparado com a marca, o fato de ser uma "empresa local", ganhou em importância de "atitude da empresa perante a pandemia" e "benefícios nutricionais". Essa valorização dos produtos locais vem ao encontro de tendências também verificadas em outros países, no boletim Radar Internacional, disponível no site do Centro de Inteligência do Leite. Alguns estudos sobre comportamento de consumidores têm indicado que poderá haver uma mudança na atitude dos compradores migrando de produtos de consumo global para o local.

Além disso, esses dados podem também sugerir que os consumidores não associam os benefícios nutricionais dos produtos lácteos ao fortalecimento da imunidade e, por consequência, não consideram estes benefícios na hora da compra, ainda que em um período de pandemia.

Essa situação indica que o setor lácteo deveria investir mais em marketing institucional para divulgar os benefícios dos seus produtos e conscientizar os consumidores sobre os benefícios nutricionais e funcionais dos derivados do leite. Essa percepção é reforçada pelo resultado de pesquisa da Embrapa Gado de Leite em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais que analisou o conteúdo publicado nas redes sociais no início da quarentena no Brasil e encontrou que, naquele momento, os consumidores estavam mais interessados em alimentos que promovem o prazer e bem-estar do que naqueles que fortalecem a imunidade. Isso, portanto, é uma informação relevante a ser considerada pelos órgãos de saúde, pois pode significar um desconhecimento por parte da população com relação à contaminação e controle da Covid-19.

Fonte: milkpoint