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Players internacionais, inclusive Brasil, exortam UE a não distorcer mercado lácteo mundial

18/05/2020

A União Europeia (UE) está se preparando para comprar leite em pó desnatado e manteigafinanciada pelo governo. A última vez que a UE criou “estoques de intervenção” impactou os preços globais de lácteos por vários anos. Desta vez, produtores e processadores de lácteos nos principais países produtores do mundo estão solicitando à UE que evite práticas como esta, que distorcem o mercado global.

Uma coalizão de organizações de laticínios da Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, Guatemala, México, Paraguai, Uruguai e Estados Unidos se uniu nesta semana e pediu à UE que não repita a estratégia de estoques que leva à supressão de preços do leite no mercado mundial, como fez há alguns anos.

"A Comissão Europeia deve evitar despejar leite em pó desnatado e manteiga comprados pelo governo no mercado mundial e implementar políticas que comprometam os mercados globais de lácteos sob o pretexto de proteger seus produtores de leite", afirmou o grupo em comunicado conjunto. "As práticas de distorção de mercado da EU já são prejudiciais o suficiente durante as operações normais. Se usadas na pandemia de Covid-19, que está corroendo drasticamente os preços do leite, seria desastroso para o mercado global de lácteos, prolongando as esmagadoras condições econômicas atuais. Os compradores de leite em pó desnatado e manteiga terão pouco incentivo para aumentar os preços, se o governo da UE manter quantidades significativas de leite no mercado.”

Se a UE exportar grandes quantidades de produtos comprados pelo governo abaixo dos preços de mercado, prolongará inevitavelmente os desafios que a indústria láctea enfrenta no mundo. O programa de intervenção distorcerá artificialmente os preços por um período prolongado e deslocará a concorrência comercial assim que o mundo começar a se recuperar dos impactos de Covid-19.

"É fundamental que a UE aja imediatamente e implemente um plano de longo prazo para lidar com seus estoques, uma vez que possui um histórico de intervenções que perturbam o mercado mundial de lácteos”, disse o grupo. “A UE interveio em 2016-17 e detinha o equivalente a 16% do mercado global de leite em pó desnatado em armazenamento governamental. Depois, lançou o produto no mercado mundial durante dois anos, minando injustamente os preços internacionais e prejudicando a indústria global de laticínios.”

Em vez da intervenção, os grupos solicitam que a UE trabalhe para aumentar a demanda e peça a seus produtores que reduzam o volume produzido.

“Produtores e processadores de lácteos em nossos países e em muitos outros ao redor do mundo já estão passando dificuldades, trabalhando duro todos os dias para ajudar a manter o mundo bem nutrido nessa crise. Todos estamos lidando com grandes desafios em nossos próprios mercados. Se a UE não se comprometer em evitar distorcer o mercado global despejando nele seu excesso de estoque, assim que os setores lácteos começarem a se recuperar, muitos produtores e processadores fora da UE poderão ser forçados a fechar suas portas”, disseram eles. "Encorajamos a UE a implementar políticas que incentivem ??uma maior utilização de produtos lácteos com o objetivo de aumentar o consumo, particularmente com os consumidores mais afetados pelo surto de Covid-19".

Os grupos que se juntam à Federação Nacional de Produtores de Leite, à International Dairy Foods Association e ao Conselho de Exportação dos EUA incluem:

Argentina

  • Sociedad Rural Argentina (SRA)
  • Centro de la Industria Lechera Argentina (CIL)

Brasil

  • Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados no Estado São Paulo (SINDLEITE)

América Central

  • Federación Centroamericana de Productores Lácteos (FECALAC)

Chile

  • Federación de Productores de Leche (FEDELECHE)

Costa Rica

  • Cámara Nacional de Productores de Leche de Costa Rica (CNPL)

Equador

  • Centro de la Industria Láctea del Ecuador (CIL)
  • Asociación de Ganaderos (AGSO)

Guatemala

  • Cámara de Productores de Leche (CPL)

México

  • Asociación Mexicana de Productores de Leche, A.C. (AMLAC)
  • Cámara Nacional de Industriales de la Leche de México (CANILEC)
  • Confederación Nacional de Organizaciones Ganaderas (CNOG)

Paraguai

  • Cámara Paraguaya de Industriales Lácteos (CAPAINLAC)

Uruguai

  • Cámara de la Industria Láctea del Uruguay (CILU)

Fonte: milkpoint