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CoopTalks 2020: o maior evento digital do cooperativismo

12/07/2020

Celebrando o Dia Internacional do Cooperativismo, representado no Brasil como o Dia C, a MundoCoop promoveu um evento inovador que levou reflexões e conhecimento para o mundo

O mundo está em constante transformação, e é preciso aprender e reaprender na mesma velocidade em que surgem novos conceitos e tecnologias. A pandemia, na qual ainda estamos imersos, impacta não só a saúde. Ela mexe com a economia, acelera movimentos e tendências. Como reagir e se colocar como parte da solução, criar e ressignificar foram questões debatidas por profissionais de expressão em suas áreas de atuação, que dividiram suas visões, com o intuito de contribuir para o fortalecimento do cooperativismo nacional. Uma oportunidade ímpar para despertar inspiração, criatividade e inovação. O evento reuniu quase cinco mil participantes e aconteceu entre os dias 1° e 2 de julho, comemorando ainda o Dia Internacional do Cooperativismo.  

Pensando nisso, a MundoCoop, que há mais de 20 anos mantém firme seu compromisso de levar informação para a população, promoveu o “CoopTalks 2020: Inovação, Inspiração e Cooperação!”, o maior evento digital sobre cooperativismo que buscou propagar conhecimento, instigar ideias e discutir formas de impulsionar a evolução do movimento no Brasil!

A abertura do CoopTalks contou com a presença ilustre do presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, que avaliou que estamos passando por “um ciclone de ideias e mudanças” e afirmou que não vê a construção do cooperativismo do futuro sem empenho em inovação. “É fundamental, pensar o que não foi pensado, agir diferente. Precisamos estabelecer a cultura de inovação dentro do cooperativismo. É importante que cada cooperativa pense nesse sentido”, afirma.

Dando início aos painéis, Martha Gabriel, especialista em negócios, tendências e inovação discutiu como despertar o potencial disruptivo das cooperativas. Reforçando a importância da liderança e da cultura instaurada nas organizações. Para Martha, não há empresas criativas e inovadoras sem diversidade, pessoas às quais seja permitido criar. “Pessoas sem processos e métodos limita o potencial criativo; tecnologia e processo, sem pessoas, perdem o direcionamento humano; e tecnologia sem processo perde o direcionamento de negócios”, disse.

Painel Inovação: Douglas Ferreira, diretor de MundoCoop, Mario De Conto, diretor geral da Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo (Escoop), Andrea Iorio, especialista em transformação digital e Tiago Martins, coordenador de programas de inovação para o cooperativismo (esq/ dir.)

Ainda sobre o tema inovação, Mario De Conto, diretor geral da Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo (Escoop) e membro do Comitê ACI-Américas, abordou o cooperativismo de plataforma, uma opção mais justa frente o capitalismo de economia colaborativa e o desafio dessas cooperativas a partir de agora. “A intercooperação entre cooperativas locais e plataformas de atuação nacional e internacional pode ser a oportunidade para ganho em escala”, acrescentou. Já Andrea Iorio, especialista em transformação digital, liderança e potencializarão de novos negócios, lembrou que digitalização e transformação digital são temas úteis ao cooperativismo, e que haveria duas formas de tratá-los: externa, com a cooperativa apoiando a transformação digital dos cooperados; e interna, com implementação de novos processos e eficiência.  E para finalizar o painel, Tiago Martins, coordenador de programas de inovação para o cooperativismo e especialista em governança, sustentabilidade e gestão estratégica da inovação, acrescentou que o processo de inovação pressupõe pensar, sentir e agir diferente. É pertinente buscar capacitação e ferramentas que possam auxiliar as cooperativas a serem mais competitivas e sustentáveis.

Sustentabilidade

Para lançar uma visão futurista quanto à sustentabilidade, Gil Giardelli, professor referência em economia digital e inovação e membro da Federação Mundial de Estudos do Futuro (WFSF, sigla em inglês), trouxe a visão da “Sociedade 5.0”. Segundo ele, estamos em fase de transição, ‘tempos pós-normais’ – termo cunhado pelo economista britânico-paquistanês Ziauddin Sardar –, período de contradições, de caos, que exige inclusive um novo capitalismo. O remédio seria colaboração, conectividade e criação. “Essências do cooperativismo”, apontou.

Logo após, Ricardo Voltolini, consultor em sustentabilidade empresarial, destacou a sinalização dada no Fórum Econômico Mundial, realizado no início do ano, sobre a necessidade de um novo tipo de capitalismo, o capitalismo de stakeholder. Seria uma forma mais ética e transparente de fazer negócios, com propósito à frente de lucro. “Pela primeira vez discutiu-se um jeito de ser mais sustentável nos negócios. É uma discussão civilizatória. As pessoas querem empresas mais respeitosas ao ser humano e ao meio ambiente”, destacou.

José Barbosa Ribeiro, idealizador do Centro Sebrae de Sustentabilidade e diretor-presidente do Sebrae-MT, defendeu a capacitação de cooperados e colaboradores nessa área. “Se as decisões são tomadas democraticamente, todos devem entender e advogar a sustentabilidade. Não é suficiente só o corpo diretivo compreender, porque esse assunto em assembleia pode não ser entendido e não figurar como prioridade”, opinou. Para por em prática a sustentabilidade, apontou a intercooperação. Já a professora das áreas de Empreendedorismo e Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, Maria Flavia Bastos, comentou sobre o tema abordado em seu livro “Ainda não temos resposta: reflexões sobre uma economia baseada no afeto”, que trata a necessidade de se adotar um comportamento social mais cooperativo. “Bem antes da pandemia já estávamos muito doentes, vivendo em uma sociedade do individualismo e desigualdade. Sem cooperação, sem coletividade, não vamos a lugar nenhum”, defendeu.

2º dia – Em constante aprendizagem

Questionando como a inovação do movimento pode ampliar ainda mais sua capacidade que o Palestrante e Autor de Inovação, Arthur Igreja fez a abertura do segundo dia do CoopTalks. Pra ele, a capacitação para entregar cada vez mais valor é fundamental. “Os cooperados vão estar cada vez mais atentos ao desempenho dos negócios, e os gestores serão mais cobrados por resultados e excelência. É interessante ver o quanto a profissionalização do cooperativismo avança a passos largos”, avaliou.  Igreja indicou que um grande desafio ainda é levar conhecimento do que é o cooperativismo a tantos brasileiros que o desconhece.

Coop Talks 2020: abertura 2º dia com Luis Cláudio Silva, diretor de MundoCoop e Arthur Igreja, palestrante e autor de inovação

Após essa abertura que explanou um panorama entre passado, presente e futuro, José Salibi Neto, especialista em gestão, afirmou que o principal desafio às organizações não é tecnológico, mas sim a transformação cultural das pessoas. “Temos por um lado a tecnologia, que avança muito rápido, e do outro, sistemas de gestão antiquados. A coisa não combina”. E decretou: “se as empresas não se transformarem continuamente, acabarão se perdendo. Inovação e estratégia estão intimamente ligadas, cada inovação exige adaptação na estratégia”.

“O cooperado precisa ser um sujeito ativo, atento às transformações”, afirmou Maíra Santiago, especialista em liderança e transformação nos negócios e diretora-presidente da cooperativa Coletiva. Para Maíra, as cooperativas melhoram à medida que as pessoas aprendem e evoluem, tendo, cada um, consciência do seu papel no grupo; e que somos capazes de mudar a realidade em favor do coletivo, desde que educados para isso. Por sua vez, Rodrigo Casagrande, diretor da RCA Governança & Sucessão e professor de governança corporativa e sustentabilidade empresarial, abordou a governança cooperativa e seus princípios, que envolvem: transparência (importância da participação em assembleias), autogestão (conselheiros preparados, com conhecimento técnico e comportamental para o cargo), senso de justiça (preocupação com vencer a exclusão e contemplar a diversidade), sustentabilidade (repensar os danos potenciais) e educação (profissionalização que permeia os demais princípios).

Finalizando o painel, Pablo Baião, professor do curso de Cooperativismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV), tratou a educação online e lembrou que somente aplicar as técnicas de ensino presenciais no ambiente virtual é um erro, é preciso produzir conteúdo especifico para ensino por plataformas digitais. Esse processo precisa levar em conta tanto os imigrantes digitais (que foram do offiline para o online) e os nativos digitais (sempre conectados). “O desafio é criar uma experiência digital assertiva, menos excludente e agregar mais pessoas”.

Comunicação ampla e eficiente

Tema cada vez mais relevante ao cooperativismo, a comunicação não poderia ficar de fora das discussões do CoopTalks 2020. Tânia Zanella, gerente geral da OCB abordou o movimento Somos Coop, que faz parte do planejamento estratégico de comunicação da Organização. Uma iniciativa que tem muito a contribuir com o setor. “Iniciamos dentro de casa, com colaboradores, dirigentes, em todas as 27 organizações estaduais, sensibilizando todos sobre a importância do movimento, para que fôssemos os advogados desse projeto”, disse. A partir daí, o movimento ganhou as cooperativas.

José Rossato Junior, presidente da Coplana Cooperativa Agroindustrial, para responder reforçando que, hoje, o cooperativismo ganha outras faces, como auxiliar o produtor a crescer, e a sociedade preza por organizações com propósitos, valores, que se importam com a comunidade, qualidades que poderiam ser melhor comunicadas pelo cooperativismo. Mas, “somos deficitários na nossa comunicação”, reconheceu. E propôs reflexões sobre a forma de comunicação de cada cooperativa com seus cooperados, clientes e a sociedade.

Romeu Busarello, professor nas áreas de transformação digital e inovação e diretor de marketing em ambientes digitais da construtora Tecnisa, trouxe à discussão o marketing digital e inovação na comunicação. Ele ressaltou que a forma de fazer marketing mudou, e os dados passaram a apontar os caminhos e declarou que “quem não pensa o futuro, trabalha o presente usando ferramentas do passado. Não podemos usar mapas antigos para caminhos novos”.

Contribuindo ainda mais nas discussões José Luiz Tejon, consultor, escritor nas áreas da gestão de vendas, marketing em agronegócio, liderança, motivação e superação humana. Ele afirmou que a cooperação é um símbolo de superação, pois nasceu a partir de crises. E nesta crise, gerada pela pandemia, tem muito a crescer. Para isso, é preciso abrir espaço à intercooperação.

Cooperar exige uma dose de coragem. “Basta de vitimização, afinal, o cooperativismo significa a vitória da coragem sobre a covardia. A partir da coragem encontramos confiança, marca registrada da cooperação”, defendeu. “Cooperação precisa de liderança que coloque o longo prazo como fator decisório, compreenda que eu sem o nós em pouco tempo vira ninguém. Por isso, precisa um trabalho educativo constante”, além de se fazer conhecer por meio da comunicação.

Cooptalks 2020 teve show de encerramento, comemorando o Dia C

Encerrando oficialmente o CoopTalks 2020 e as festividades do Dia de Cooperar (Dia C), a MundoCoop promoveu ainda um show ao vivo, na página da revista no Youtube, com a banda paulista Bee Gees Alive, primeiro grupo brasileiro a interpretar, desde o início dos anos 2000, a obra da banda formada pelos irmãos Barry, Robin e Maurice Gibb. Os clássicos de Bee Gees como Massachusetts, Words, To Love Somebody, Stayin´Alive, Night Fever, How Deep is your Love entre outros sucessos do grupo australiano alegraram a noite de milhares de famílias cooperativistas e outras tantas que estão descobrindo a relevância desse modelo de associativismo que busca maior equidade, compromisso, e que já nasce sempre também com um olhar social.

Quer conferir ou rever o show? Acesse aqui!

O CoopTalks 2020 marcou o início do trabalho da MundoCoop na dimensão social do cooperativismo e não pretende parar por aí! Buscando se reinventar diariamente e trazer um conteúdo de qualidade para seus leitores e espectadores, deixou uma ponta de esperança e, acima de tudo, uma promessa de muitos projetos à vista. Até a próxima!

Fonte: mundocoop