Ma. Juliana Delgado Martins Raymundo
Prof. Dr. Eduardo Guilherme Satolo
Prof. Dra. Priscilla Ayleen Bustos Mac-Lean
Faculdade de Ciências e Engenharia da UNESP, Câmpus Tupã
Na cadeia de produção leiteira o principal agente é a propriedade rural (formada por produtores, animais e instalações em geral), porém esta ainda é considerada o elo frágil. Isso se dá por fatores educacionais, como o baixo nível de escolaridade; fatores tecnológicos, como a ausência de equipamentos para armazenamento e aferição da quantidade de leite produzida por animal; fatores técnicos, como a ausência de programas de assistência técnica ligados à nutrição do rebanho, reprodução, melhoramento genético, manejo e sanidade; e fatores comerciais, como a ausência de parcerias longas com laticínios que acabam comprometendo o bom andamento de toda a cadeia.
Porém, o conhecimento entorno das reais restrições da propriedade rural de leite, por vezes é um ponto que impede ações corretas para melhorar a gestão deste elo da cadeia.
Esta matéria apresenta as principais restrições na gestão da cadeia produtiva leiteira englobando o rebanho, o processamento de ordenha e armazenamento do leite, o transporte do leite até o tanque e até o laticínio em propriedades localizadas na microrregião de Tupã/SP, onde o método de pesquisa selecionado foi survey. Este método é utilizado para obter dados em um processo de pesquisa, aplicando um questionário em determinado grupo de indivíduos.
De acordo com dados fornecidos pela CATI (2017) e IBGE (2019), a microrregião de Tupã conta com sete municípios, responsáveis pela produção de 13.865 litros de leite por ano, distribuídos em 688 propriedades. Desta forma a microrregião de Tupã corresponde a 46,5% da produção leiteira da região de Marília, sendo 1,1% do estado de São Paulo (IBGE, 2019).
Os dados foram obtidos entre os anos de 2018 e 2019, pela aplicação de um formulário com perguntas estruturadas à 68 produtores, obtendo uma amostragem de todos os municípios da região. A delimitação da amostra ocorreu por meio da parceria com o programa de Pós-Graduação em Agronegócio e Desenvolvimento e principalmente com o Projeto de Extensão Kamby (PROEX/UNESP), que atua para melhorar a produção leiteira na região de Tupã/SP, tanto em quesitos quantidade quanto qualitativos do leite produzido, por meio da difusão do conhecimento e troca de experiência entre estudantes universitários, professores, técnicos e produtores de leite, da Faculdade de Ciências e Engenharia, UNESP, Câmpus Tupã.
Os produtores leiteiros foram caracterizados com idade média de 44 anos, sendo 15% dos entrevistados do sexo feminino e 85% do sexo masculino e, ainda, apenas 25% dos filhos dos entrevistados atuam no campo. As propriedades da amostragem tiveram início na atividade leiteira entre os anos de 1928 e 2018 e têm uma grande variação de produção diária, oscilando com uma produção média de 10 a 2700 litros de leite por dia, e 98,5% tem a produção de leite como atividade econômica principal.
Rebanho leiteiro
Em relação a produção, 44,12% dos produtores mantêm a quantidade de animais em lactação utilizados durante o ano no processo de ordenha, não realizando reposição do rebanho. Isso indica uma falha no controle do ciclo do animal para a participação da ordenha, prejudicando o nível de produtividade. Isto é corroborado ao notar que apenas 55,22% dos entrevistados utilizam-se de meios para controle e monitoramento das etapas de produção. Com essa informação detecta-se que grande parte dos entrevistados ficam vulneráveis a possíveis falhas em seu processo produtivo e sem a possibilidade de correção, pois não há um acompanhamento dos animais do processo para identificar as ferramentas/técnicas necessárias para aplicá-las.
Processo de ordenha e armazenamento do leite
Transporte do leite até o tanque
Gestão de logística
Fonte: milkpoint