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Polpa cítrica: qual a qualidade nutricional do co-produto que utilizo na minha propriedade?

24/07/2020

O Brasil é o maior produtor de laranja do mundo e gera, anualmente, cerca de dez milhões de toneladas de resíduos. O bagaço resultante da prensagem da laranja é composto por casca, sementes e polpa, podendo esse resíduo ser destinado a um processo de secagem e posteriormente peletização. A polpa cítrica resultante desse processo é um coproduto muito utilizado na nutrição de ruminantes, possuindo aproximadamente 87% da energia do milho.

De acordo com a literatura, a polpa cítrica peletizada contém um teor de matéria seca próximo a 89%, e teores de 7% de proteína bruta (PB), 24% de fibra em detergente neutro (FDN) e 77% de nutrientes totais (NDT). Além disso, apresenta elevado teor de cálcio, mineral muito importante para a alimentação de vacas leiteiras.

Entre as vantagens da utilização deste coproduto na dieta de bovinos, tem-se:

  • Elevado teor de carboidratos solúveis;
  • Boa aceitabilidade;
  • Alta digestibilidade;
  • Facilidade de manipulação e estocagem;
  • Presença de pectina, que apresenta contribuição para fermentação acética, diminuindo a propensão a acidose ruminal;
  • Período de safra da laranja coincide com a entressafra de grãos, que geralmente ocorre entre os meses de maio e janeiro, resultando em disponibilidade em momento estratégico.

Devido a essas características, a polpa cítrica se tornou um importante ingrediente utilizada na formulação de dietas para ruminantes e nos últimos três anos foi um dos principais co-produtos da agroindústria analisado pela EsalqLab. Assim como acontece com muitos co-produtos, existem fatores que afetam a composição bromatológica da polpa cítrica. Apesar do banco de dados gerado pelo nosso laboratório mostrar que os valores médios são muito próximos aos existentes na literatura, o que nos chama a atenção é que, apesar dessa proximidade, existe grande variação nos resultados entre as amostras. Isso demonstra que alguns fatores como momento da compra, conservação do produto, lote e método de produção pode afetar a composição da polpa cítrica.

Os dados apresentados na Tabela 1 demonstram uma variação considerável nos resultados das análises de PB, FDN, FDA e principalmente no extrato etéreo (Tabela 1), o que pode afetar diretamente a formulação das dietas. O não monitoramento dessa variação da composição do coproduto, assim como a não atualização das dietas, pode resultar em perdas produtivas e comprometimento da viabilidade financeira do sistema.

Tabela 1. Valores médios, máximos, mínimos e coeficiente de variação observado para a composição química de polpa cítrica peletizada.

polpa citrica para ruminantes

Na Tabela 2 são apresentados os resultados das análises dentro de cada ano (2017 a 2019). É possível notar que os valores médios ao longo dos últimos três anos foram similares e isso conota que os as variações nos resultados apresentados na Tabela 1 estão mais associados a fatores como, por exemplo, processo de fabricação, lote, estocagem, do que o ano de produção.

Tabela 2.  Composição de polpa cítrica peletizada durante os últimos três anos de análises na EsalqLab.

polpa citrica para ruminantes

Sabendo dessa variação existente na composição bromatológica da polpa cítrica, é importante o monitoramento constante da qualidade desse coproduto para que as dietas sejam ajustadas sempre que necessário, propiciando o aporte nutricional adequado para os animais. E você, já analisou a polpa cítrica utilizada na sua fazenda?

Fonte: milkpoint