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Número de startups do agro cresce 40% no país

25/05/2021

A pandemia da Covid-19 não distanciou o agricultor brasileiro das inovações digitais. Na realidade, o caminho parece ter sido o oposto disso, a julgar pela multiplicação no país das agtechs, como também são chamadas as empresas iniciantes de base tecnológica voltada à agropecuária.

No ano passado, o número de startups do agro cresceu 40% em relação ao ano anterior, segundo o levantamento Radar AgTech Brasil, obtido com exclusividade pelo Valor Econômico. Ao todo, a pesquisa identificou no ano passado 1.574 empresas brasileiras; em 2019, eram 1.125. Do universo total, 223 tiveram apoio de 78 instituições para incubação, aceleração e investimentos.

O estudo, elaborado em parceria entre Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens, mostrou que a região Sudeste encabeça a lista, com destaque para o estado de São Paulo, que detém quase metade destas empresas (747). A cidade de São Paulo tem 345, seguida de Piracicaba (60), Curitiba (59), Rio de Janeiro (54), Campinas (48), Porto Alegre (42), Belo Horizonte (40) e Ribeirão Preto (39).

Para Adriana Regina Martin, a diretora-executiva de Inovação e Tecnologia da Embrapa, a adoção digital cresceu durante a pandemia. “Essa realidade coloca o país em uma posição diferenciada que pode facilitar as transições para a competitividade e o futuro do setor agropecuário, fomentando ferramentas para agroecologia, bioeconomia, agricultura urbana, sistemas alimentares, agricultura vertical, smart farming (agricultura inteligente) ou agricultura digital”, comentou, em nota.

Em 2020, o número de agtechs quase dobrou no Nordeste. Segundo o estudo, havia 72 novos empreendedores na região, acima dos 37 de 2019. No Brasil, o levantamento identificou 316 cidades com agtechs, sendo que 26 delas têm um ecossistema formado por pelo menos dez empresas.

“Os dados mostram que, apesar de ainda haver a liderança dos centros tradicionais, a cultura de empreendedorismo e inovação está chegando com força a novos locais”, pontuou, em nota, Luiz Ojima Sakuda, sócio da Homo Ludens.

Para a coordenadora do estudo na Embrapa, Shalon Silva, o levantamento também servirá para nortear as ações da empresa com outros hubs de inovação, como foi o caso do Nordeste. Segundo ela, a metodologia e a checagem do estudo foram feitas de forma online, com uma equipe de 20 pessoas.

A maioria das agtechs brasileiras (718) atua na categoria depois da fazenda, em soluções como marketplaces e plataformas de negociação, venda de produtos agropecuários e alimentos inovadores e novas tendências alimentares.

Em seguida aparecem as empresas que atuam da porteira para dentro (657) e que investem, principalmente, em sistemas de gestão de propriedade rural, soluções e dados, drones, máquinas e equipamentos. As startups que atuam antes da fazenda (199) estão prioritariamente voltadas para a área de fertilizantes e defensivos agrícolas, inoculantes e nutrição vegetal.

O maior número de startups (293) foi registrado entre as que desenvolvem alimentos com melhores índices nutricionais, utilização de ingredientes substitutos e nova utilização de ingredientes já existentes, seguindo uma forte tendência dos consumidores.

O Coordenador de Articulação para Inovação do Ministério da Agricultura, Daniel Trento, apontou um crescimento consistente na geração de inovação ao agronegócio, com qualidade e diversidade nas soluções criadas.

“Isso mostra que o ecossistema de inovação do agro brasileiro certamente é um dos mais dinâmicos do mundo”, afirmou. Ele ainda ressaltou que já existem mais de 20 hubs de inovação agropecuária pelo país, o que pavimenta o caminho promissor ao empreendedorismo neste setor.

Fonte: milkpoint