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Os produtores de leite em toda a Europa estão se preparando para um 2022 caro, seguido por uma jornada de dúvidas a respeito da nova Política Agrícola Comum (PAC) em 2023. Eles dizem que as condições são muito desafiadoras para os produtores que pretendem responder ao aumento dos preços do leite, aumentando a oferta.
Os produtores de leite dinamarqueses, alemães, franceses, portugueses e irlandeses têm falado ao European Milk Board sobre suas preocupações, e é claro que há uma apreensão particular até 2023 na Dinamarca e em Portugal, causada pelos Planos Estratégicos da PAC de ambos os países.
O European Milk Board é composto por 21 associações de produtores de leite, e o Landsforeningen af Danske Mælkeproducenter (LDM) na Dinamarca disse ao EMB que sua nova PAC retirará € 23.597 (US$ 26.839) da fazenda leiteira média dinamarquesa, na redistribuição de fundos entre Pillar I e Pilar II, com o governo propondo compensar essas perdas com prêmios de abate para animais jovens.
A Associação dos produtores de leite de Portugal (APROLEP) disse à EMB que o seu Plano Estratégico PAC ignorou os desafios para o setor leiteiro do país e, em vez disso, propôs 100% de convergência que reduz o apoio ao rendimento dos produtores de leite em mais de 50%. Os membros da Agrolep também estão apreensivos com a proposta de um novo pagamento da PAC para o milho para silagem que oferece apenas metade da ajuda concedida para o milho em grão.
Os membros da EMB em toda a Europa apresentaram uma série de reclamações que podem ajudar a explicar a lenta produção de leite do continente em 2021 e as fracas perspectivas de aumento da oferta em 2022. Os produtores de leite dinamarqueses dizem que um imposto nacional de carbono está a caminho, o que adicionará entre 6 centavos e 7,3 centavos por litro de leite produzido. "Esperamos sinceramente que os políticos também vejam como parte de sua responsabilidade explicar aos varejistas e consumidores por que os produtores precisam de um preço mais alto para seus produtos", disse o presidente da LDM, Kjartan Poulsen, vice-presidente do EMB.
Ele disse que os produtores dinamarqueses também estão preocupados com a falta de jovens para assumir as fazendas. “Quem quer começar a produzir leite enfrenta enormes desafios em todos os estados membros da UE. Os jovens agricultores, em particular, têm que lidar com o capital de investimento necessário.”
A LDM calculou que o capital inicial na Dinamarca para uma fazenda com 210 vacas e 150 hectares de terra é de aproximadamente € 3,87 milhões (US$ 4,40 milhões).
Há 2,3 milhões de euros (US$ 2,62 milhões) para bens imóveis e ativos fixos; 1,2 M€ para (US$ 1,36 milhão) financiamento de rebanhos, equipamentos e bens móveis; despesas de venda, gerais e administrativas no valor de € 70.000 (US$ 79.618); e custos iniciais de ração, custos operacionais etc. de € 300.000 (US$ 341.220).
A LDM sugeriu que o financiamento do capital inicial requer um empréstimo de capital de € 500.000 (US$ 568.700) (taxa de juros de 9%), um empréstimo hipotecário por 30 anos de € 1,9 milhão (US$ 2,16 milhões), um empréstimo bancário de 15 anos de € 1 milhão (US$ 1,14 milhão) e um empréstimo de capital de giro de € 300.000 (US$ 341.220).
Este financiamento incorre em juros anuais e pagamentos de capital de 270.000€ (US$ 307.098), pelo que a receita por vaca tem de ser de 1.560€ (US$ 1774,34), para cobrir todas as despesas com juros, prestações e salários. A receita exigida é de € 1.882 (US$ 2140,59) por vaca se a remuneração de um gerente de fazenda for contabilizada.
De acordo com a LDM, é praticamente impossível para um jovem ou uma jovem financiar uma fazenda leiteira na Dinamarca com seus próprios fundos. A organização dinamarquesa diz: “Você tem que ter pais emprestando aos filhos parte do dinheiro, ou adquirindo capital de pessoas com dinheiro, ou de alguma forma compartilhando uma fazenda por algum tempo com o proprietário anterior.”
“É por isso que os produtores na Dinamarca estão envelhecendo cada vez mais, porque não podem vender sua fazenda a um preço que cubra seus empréstimos. Nos últimos 12 meses, 5% das fazendas leiteiras fecharam. As terras agrícolas são fáceis de vender para fundos financeiros, mas não para o gado”.
Isso, diz a LDM, coloca a produção de leite na Dinamarca em uma “situação complicada”.
Adrien Lefèvre, presidente da Association des Producteurs de Lait Indépendants (APLI), disse à EMB que os produtores de leite franceses também estão tendo dificuldade em encontrar jovens para assumir as fazendas. Os produtores de leite na Irlanda se concentraram no aumento dramático dos preços dos fertilizantes como a principal preocupação de 2022.
O ICMSA é o membro irlandês do EMB, e seu Diretor de Políticas, Paul Smyth, explicou que o fertilizante é um insumo importante para os rebanhos de parto da primavera da Irlanda para maximizar a temporada de pastagem e aproveitar ao máximo a pastagem fresca. “A esperança é que uma primavera amena leve a boas condições de cultivo, aliviando um pouco a pressão sobre os custos de insumos”, disse Smyth.
De acordo com o membro da EMB Arbeitsgemeinschaft bäuerliche Landwirtschaft (AbL), na Alemanha, o custo de produção do leite em outubro passado totalizou 46,13 c/kg, mas o preço do leite no produtor foi de apenas 37,45 c/kg. Os custos aqui são um cálculo do preço mínimo que os produtores de leite devem pagar para cobrir o custo de produção e gerar uma renda decente para si e para os membros da família que trabalham na fazenda.
Fonte: milkpoint