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Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito inspira esperança para a comunidade global

16/10/2020

Esperança. Mais do que nunca, esse tema vai dominar corações e mentes entre os mais de 260 milhões de cooperados, de 89 mil cooperativas em 117 países, nas comemorações do Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito (DICC), quinta-feira (17), em sintonia fina com o momento de recuperação da economia mundial, atropelada pela pandemia da covid-19.

Há mais de 200 anos festejado na terceira quinta-feira de outubro, o DICC marca um momento de conscientização das pessoas, em torno da importância de contribuir com o sistema cooperativo, por meio de ações voluntárias, arrecadação de fundos e orientações para superação de obstáculos diários, como perdas inesperadas ou desastres. O tema de 2020 foi definido pelo Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (World Council of Credit Unions – Woccu, em inglês), em conjunto com a Credit Union National Association (CUNA). No ambiente virtual, a data pode ser comemorada com o hashtag #ICUDay.

Também sobre o DICC, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres afirma que o evento representa “uma boa oportunidade para o fortalecimento da cooperação e solidariedade globais, sobretudo devido à pandemia e à emergência climática, que revelaram, não apenas a fragilidade de nossas sociedades e do planeta, mas também os abismos sociais e econômicos nele existentes”, criticou.

Para superar tais injustiças, o secretário-geral manifestou a expectativa de que as cooperativas renovem esforços para alcançar “os objetivos de desenvolvimento sustentável, abrindo o caminho para um futuro mais equitativo e inclusivo, que priorize os que se encontram em situação de maior vulnerabilidade”. Guterres fez referência aos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, a serem alcançados até 2030.

No atual período de teste viral para toda a humanidade, Guterres enfatizou a importância dos princípios do sistema cooperativo, como solidariedade, auto-gestão, democracia, promoção de empregos e proteção do meio ambiente, entre os principais. “As cooperativas e outras empresas de economia social e solidária também podem apontar o caminho para a resiliência em tempos de crise”, completou.

No Brasil, o segmento é referência de atendimento diferenciado (descentralização de capital e abertura de oportunidades a empreendedores, entre outros fatores) por parte de aproximadamente 900 cooperativas de crédito presentes em mais de 6 mil agências de 594 municípios, abrangendo cerca de 12 milhões de pessoas, que participam como ‘donos’ da instituição financeira cooperativa, ao invés dos clientes comuns.

A ideia secular, simples e vencedora de reunir pessoas em uma associação, com o objetivo de melhor administrar seus recursos financeiros, não só vingou, mas deu lugar a uma diversidade de produtos e serviços (empréstimos, aplicações, depósitos, seguros, consórcios, cartões, entre outros), cujas operações dos associados são revertidas em seu benefício, por meio de preços justos e participação nos resultados. Assim, todos os recursos movimentados pelas cooperativas de crédito circulam na própria região em que estas estão, o que constitui um vetor fundamental do desenvolvimento socioeconômico local.

Composto por dois bancos próprios, cinco confederações – duas de crédito – 34 cooperativas centrais e 927 cooperativas singulares, o sistema cooperativo nacional se distingue do mercado financeiro pelos objetivos da atividade, de caráter mais social do que financeiro. A mentalidade essencialmente comunitária do cooperativismo faz com que este seja um ‘bastião’ sólido contra crises e mudanças repentinas, em especial, na economia.

Inclusão social

O compromisso social implícito na gênese cooperativa foi realçado, recentemente, pela agenda estratégica do Banco Central (BC) – Agenda BC# – ao cunhar o termo ‘inclusão’ para identificar o segmento, em sintonia com o sétimo princípio cooperativo: o interesse pela comunidade.

Já o presidente e CEO da Woccu, Brian Branch, foi mais longe, ao afirmar que, durante a crise da covid-19, “as cooperativas de crédito prestaram um serviço de alto nível aos seus membros, demonstrando generosidade às comunidades locais”. Pegando carona no tema deste ano, Branch entende que as cooperativas são “a esperança verdadeiramente inspiradora para uma comunidade global pois, de fato, não existe tema melhor para celebrar o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito”, conclui.

Nascido da necessidade humana de viver coletivamente, o cooperativismo se expandiu ao longo do tempo, consolidando os valores cooperativos, que visam a construção de uma sociedade próspera para todos, como instrumento de transformação social, liberdade financeira e de desenvolvimento sustentável.   

 O vice-presidente do Conselho de Administração do Sicredi Pioneira RS, Mário José Konzen, atribui “à regionalização enraizada na cultura das cooperativas” um dos fatores determinantes do desenvolvimento comunitário. Face ao crescimento notável do número de cooperativas financeiras nos últimos anos, Konzen arrisca o palpite de que o segmento deverá, em pouco tempo, responder por 10% do mercado financeiro nacional.

Empreendedorismo e inovação

A ideia cooperativista nasceu de uma visão inovadora, quando, em 1844, um grupo de tecelões – 27 homens e apenas uma mulher – da cidade inglesa de Rochdale, resolveram encontrar uma alternativa que lhes permitisse trabalhar e ganhar dinheiro de forma justa e honesta. Dessa forma surgiu a primeira cooperativa do mundo, que trazia como diferencial pessoas e não lucro. O sucesso da iniciativa foi tão grande que o capital da nova companhia (Sociedade dos Probos de Rochdale ou Rochdale Quitable Pioneers Society Limited) logo atingiu 180 libras e 1.400 cooperados, já no primeiro ano de funcionamento.

A versão pioneira de crédito da cooperativa apareceu pouco depois, em 1850, na Alemanha, quando o alemão Herman Schulze, que imaginou um sistema de crédito, de abastecimento e vendas, adaptável às necessidades da classe média alemã urbana da época, chamado Schulze-Delitzsch. Quatro anos após, o também alemão Friedrich Wilhelm Raiffeisen criou o um famoso modelo cooperativo, constituído por uma sociedade de crédito para produtores rurais financeiramente necessitados, culminando, em 1864, com a criação da cooperativa “Heddesdorfer Darlehnskassenveirein” (Associação de Caixas de Empréstimo de Heddesdorf).

Essa cooperativa ‘precursora’ já trazia eu seu cerne os ingredientes essenciais que a identificam, até hoje, das demais atividades, a exemplo da responsabilidade ilimitada e solidária com os associados, isonomia do valor do voto, independentemente de quem seja seu titular, ausência de capital social e a determinação de ‘não distribuição de sobras’, excedentes ou dividendos. Esse perfil de cooperativa existe até hoje na Alemanha.  

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Para enfatizar a importância dessa comemoração, o MundoCoop está promovendo o CoopTalks Crédito, um dia inteiro de evento online e exclusivo que reunirá autoridades e representantes do movimento cooperativista de todo o país, além de líderes cooperativistas e especialistas do mercado financeiro nacional e internacional.

São esperadas nessa edição mais de 3.500 pessoas que vão discutir sobre o cooperativismo de crédito e levar discussões urgentes e estimulantes para entender o segmento, debater sobre o futuro do setor e criar uma ampla discussão com o público que poderá encaminhar perguntas e interagir ao vivo.

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Fonte: mundocoop