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Impacto da presença feminina no cooperativismo.

30/10/2020

Nessa segunda feira (26) começou a 5º edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, que acontece até dia 29 de outubro. Com o tema “Mulher Brasileira: A Voz Global”, o 5º CNMA tem com o objetivo abordar a relevância feminina no agro brasileiro por meio de temas relevantes, além das perspectivas 2020-2021. E a MundoCoop faz parte da Aliança Estratégica do evento.

O evento, que reforça a importância da mulher para o avanço inovador, rentável, sustentável e ético do agronegócio, apresentou o painel “Ambiente Econômico e Político” como especial abertura com a presença da Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Tereza Cristina, a Ministra da Agricultura de Portugal, Maria do Céu Antunes, e a Líder da Aliança das Cooperativas Internacionais na América, Graciela Fernandez. O painel foi mediado e apresentado pela jornalista Mônica Waldvogel.

O ano de 2020 foi marcado por muitos desafios a serem superado e pela força que o agro brasileiro mostrou possuir, mesmo em tempos de crise. A potência do agro, que tem gerado cada vez mais riquezas, agora também tem impulsionado mudanças importantes para o futuro do país. Para Tereza Cristina, muitas mulheres começaram a ver a agropecuária como importante para as suas atividades e, principalmente, mulheres que já faziam essas atividades agora estão tomando a frente e aparecendo.

 

“Empoderar as mulheres rurais é promover o crescimento e a atividade na agricultura” – Tereza Cristina

A ministra abordou obstáculos que as mulheres ainda precisam enfrentar, como a falta de acesso ao crédito, as tecnologias e a informação, mas se aprofundou em uma em especial. A necessidade de gerar mais acesso delas ao cooperativismo. “Tenho visto muitas mulheres se organizando em cooperativas e quando elas conseguem se juntar em associações que depois viram uma cooperativa a qualidade de vida aumenta e todas as vantagens que o sistema traz. Eu incentivo que as mulheres trabalhem nisso”, comenta. Ainda falando de cooperativismo, a ministra destacou a necessidade de incentivar o crescimento de cooperativas em todo o país. “Nós temos um programa chamado Agro Nordeste, para colocar a região nesse boom do agro brasileiro. Pedimos para as grandes cooperativas que estão em outras regiões, apadrinhem algumas cooperativas do Nordeste para levar o exemplo e para que possam fazer parcerias”, explica.

Além disso, Tereza Cristina citou a importância do acordo entre a União Europeia e o Mercosul, onde o Brasil terá a oportunidade de informar o que possui de bom e se atentar ao que precisa melhorar para crescer, e os benefícios que a troca de produtos e serviços pode trazer para ambas as partes. Sobre o território nacional, ela destacou a relevância das leis ambientais e se atentar as mudanças e demandas vindas do consumidor.

 

Temos que juntar mulheres de todos os lados! Se nós conseguirmos colocar em ações para trabalhar boas práticas, problemas e soluções vamos conseguir contribuir para todos os países” – Maria do Céu

Trazendo uma visão internacional, Maria do Céu iniciou sua fala salientando que, em um país imenso quanto o Brasil, bem como na América do Sul, e até na Europa como aqui em Portugal, o papel das mulheres está muito refém do seu papel do lar. O homem e a mulher tem o papel com as mesmas responsabilidades e oportunidades, e em países mais desenvolvidos isso é mais comum, mas nós temos que mudar esse cenário. “Nessa era global que vivemos nós todos temos a responsabilidade de criar nossa dimensão e avançar nas questões de igualdade de gênero”, comenta.

Trazendo para o debate o cenário atual de Portugal, a ministra cita o plano estratégico criado no país lusitano chamado Terra Futura, sob o aspecto de que a terra é a fonte de construção para um futuro mais sustentável. “Não podemos esquecer que o que fazemos, temos que fazer para a população ser mais feliz, o que influência na segurança alimentar, no combate as questões climáticas, os agricultores com melhores condições e nós, como estado, temos que colocar uma política pública que faça tudo funcionar”, reforça.

Maria do Céu finaliza fazendo uma crítica construtiva para o agro do mundo inteiro. “Temos que criar condições para que a mulher ganhe espaço na agricultura (…) o papel dentro do agronegócio é ainda masculino, mas se temos mulheres que fazem um excelente trabalho, nós temos que ser capazes de incluir a mulher para fazer parte do agro de forma mais efetiva e consigam fazer negócio no agro.”

 

“O papel das mulheres, principalmente cooperativistas, é fundamental para a erradicação da fome no mundo e para o futuro” – Graciela Fernandez

Logo após, a presidente da ACI Américas fez questão de frisar que o cooperativismo tem um papel importante em todo o mundo e as 300 maiores cooperativas do mundo podem se comparar a sétima economia mundial. Graciela também declarou que, no Brasil, o cooperativismo tem uma grande representatividade e é um exemplo para o mundo, com perspectivas de crescimento e grande força.

Focando no papel feminino no agro, e cooperativismo, a presidente trouxe para o debate os desafios econômicos que a mulher ainda precisa enfrentar. “O tema de linha de crédito é muito complicado, principalmente para as mulheres que recebem menos do que os homens dentro do agro”, comentou e concluiu que “é preciso avançar em plataformas de comércios cooperativos”.

Contudo, Graciela fez questão de enfatizar que “o papel das mulheres cooperativistas no agronegócio é essencial em um ambiente ocupado majoritariamente por homens e esse desafio (de inclusão) deve ser prioritário, principalmente para a mulher produtora rural”.

Fonte: mundocoop