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Evolução do comércio de lácteos na América Latina

10/11/2020

Embora a produção e industrialização do leite tenham uma longa história na América Latina, a região é tradicionalmente importadora de laticínios, com diferenças entre os países. Existe um pequeno grupo de exportadores (Argentina, Uruguai, Nicarágua e Costa Rica, principalmente), uma maioria de importadores e também alguns países que exportam e importam quantidades significativas de laticínios (como Peru e Chile, por exemplo).

Esta breve nota analisa o comportamento do comércio regional de forma agregada, ou seja, contabilizando os volumes de importação e exportação de laticínios dos 19 países vinculados à Federação Pan-Americana de Laticínios (FEPALE).

O gráfico a seguir mostra a evolução do comércio regional de lácteos na América Latina e no Caribe a partir do ano 2000, com estimativas e projeções para os anos 2019 e 2020, respectivamente.

É possível distinguir várias etapas da série apresentada no gráfico, que parte de uma diferença entre as importações e as exportações de cerca de 4 bilhões de litros (de leite equivalente) no ano 2000. A partir daí a diferença é cada vez mais baixa, até 2006, em resultado de importações estáveis ??e exportações crescentes, reduzindo o saldo negativo pela metade, cerca de 2 bilhões de litros.

A partir de 2007, ocorreu uma mudança de regime (deixando de lado 2010, que foi quando o impacto da crise financeira internacional foi mais sentido na região), com uma relativa estabilização do volume de exportações e um aumento das importações, o que traz a balança comercial regional aos mesmos níveis do início do século, cerca de 4 bilhões de litros de leite por ano.

Esse comportamento pode ser observado com bastante clareza na tabela a seguir, que mostra os volumes de comércio em três anos, onde se pode ver que entre 2000-2002 e 2006-2008 as exportações cresceram 75% enquanto as importações cresceram apenas 5%. No entanto, quando se analisa o período entre 2006-2008 e 2018-2020, as exportações cresceram apenas 27%, enquanto as importações, 44%.

As hipóteses propostas para explicar esse comportamento são duas, que correm em paralelo. Por um lado, a partir de meados da primeira década do século XXI, houve um aumento do consumo de laticínios, como consequência da melhora geral das condições econômicas da região. Por outro lado, a produção de leite em vários países da região perdeu o dinamismo que tinha entre os anos 90 e os seguintes, o que de alguma forma diminui o saldo exportável ou o aumento da demanda de importação.

Esse comportamento da balança comercial de lácteos não é necessariamente negativo, pois pode estar relacionado a mudanças na estrutura econômica de alguns países, com alterações em suas matrizes produtivas. Por outro lado, se essa redução nas taxas de crescimento (e consequentemente, no saldo exportável) se deve a problemas de produtividade (eficiência e mudança técnica), então é importante que a cadeia leiteira regional esteja atenta ao fenômeno, para detectar inconveniências que impeçam um melhor aproveitamento dos fatores produtivos (terra, trabalho e capital) e implemente as medidas corretivas necessárias.

Nota: O volume é medido em "equivalente ao leite", que é uma unidade de medida utilizada para homogeneizar diferentes tipos de produtos de acordo com a quantidade de leite utilizada na sua fabricação. Por exemplo, um coeficiente de 7,60 indica que 7,60 litros de leite são necessários para produzir um quilo de produto.

Estatísticas publicadas pela FAO, em seu site FAOSTAT, que se baseiam em coeficientes de acordo com o método 1 dos “sólidos totais”, como manteiga (6,60), queijos (4,40), leite em pó integral e desnatado (7,60), leite condensado e evaporado (2.1) e soro em pó (7.60), para citar os casos mais relevantes.

As informações são do Observatório da Cadeia Leiteira Argentina (OCLA), traduzidas pela Equipe MilkPoint. Texto escrito por Ing. Alejandro Galetto Observatório do Setor de Laticínios da América Latina e Caribe da FEPALE

Fonte: milkpoint